29 março 2007

desespero face-a-face

a face do desesespero se joga na minha frente soltando um grito agudo, frio e cortante. nela posso ver todos os dias de agústia da minha vida, posso ver as lágrimas caídas e o coração apertado pela impotência digna do meu ser. nela vejo também a dor, a mágoa e o dano à pessoa amada. e tudo causado pelo descaso, descaso pela vida, descaso pelo amor. mas um esbarrão desse e morro.

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15 março 2007

em nome do pai

o que me mata mais agora é a contradição. por que se deve fazer muito feijão e pouca paçoca, como ordena meu pai, não entra na minha cabeça. pode-se amar e odiar ao mesmo tempo? dois sentimentos tão distintos se complentam no infinito. talvez devesse apenas sair por ai e não ligar pra dualidade amor/ódio paternal.

tenho medo de ser aqule homem sentando na cadeira, dando ordens, de cara fechada, que na frente de outras pessoas é amável e prestativo, mas no interior da morada, pode ser uma pessoa muito cruel e mesquinha.

seja o que for será. como num filme de ficção científica diz, nossas escolhas já estão tomadas, basta agora entender o por quê.

em nome do pai, do filho e do espírito santo. amém.

14 março 2007

quatro paredes

as quatro paredes, conhecidas minha desde a infância, não são mais as mesmas. tendo ainda um quadro de um eu-bebê e um guarda-roupa verde embutido, como lembranças de um tempo antigo, as repinturas apagaram traços de algo que não volta mais.

tanto eu com elas mudamos. e sinto como se, o que era antes um lugar fantástico, quartel-general de super-heróis, sala de estudos ou apenas um monte de obstáculos para a minha bola de sacos plásticos, hoje fosse uma prisão, um cubo que diminui e me sufoca cada dia mais.

mesmo sendo um quarto sem espelhos, reflete o que sou hoje. um quase-homem sem rumo, com a cabeça mais bagunçada que lixo revirado, a memória pequena do tamanho de um flanelografo, que tem que ter ajuda de percevejos para poder fixar alguma coisa. e os mesmo livro não lidos são reflexo da minha aparente inteligência, burra, mesquinha e presa num mundo de fantasia criado por escritores britânticos.

quero crescer, mas creio que aqui não da mais. não com essas paredes branco-gelo me acusando de não ser ninguém, de não ser bom o suficiente, de não ser responsável. As paredes, o rosto, quero pintar eu mesmo, quero pintar eu mesmo.