23 fevereiro 2008

ego, o ismo


vive como um cão feroz, preso dentro de uma casinha suja e mal tratada no quintal, amarrado com correntes fortes e alimentado com cuidado, pra não avançar. as vezes, no descuido, vai um pedaço maior de carne. ele se solta e dá uma mordida com todo ódio que é capaz. no local, a infeção é visível instantaneamente. uma pena.

17 fevereiro 2008

um dia vi o mar

um dia vi o mar, e me apaixonei.
das ondas vinham os sons mais belos
de mundos distantes, que um dia sonhei
do seu espelho, vinha o brilho da lua
e seu toque de seda moça, macio e doce.

um dia vi o mar, e me apaixonei.
da arrebentação, conchas peroladas
de brilho sem igual e eterno.
do fundo, uma enorme sensação de paz,
que nunca experimentei.

um dia vi o mar, e me apaixonei.
do calor da noite, vem a vida do peito morno
e refresco para a pele seca.
do mar veio meu amor, e o vento que, um dia
de novo o trará.

11:34

mais um dia chôxo, sem progressos estudatis, emotivos, musicais ou esportivos. nem o sono, que ataca de repente, fica muito tempo, se esvai feito areia ao vento. vou dar mais uma chance, senão peço pra sair.

16 fevereiro 2008

à esquerda

à direita
ao meio
e
m
qua
l
q
uer
l
u
g
a
r

15 fevereiro 2008

uuuuu



À noite, fantasmas tomam de assalto os sonhos mais indefesos, aqueles cheios de pipoca e cinema. Atacam na estrada mais ensolarada, na curva à direita, onde não há escapatória. Mesmo correndo o máximo possível, por veredas secretas e campos ermos, hão de dar as caras no virar do rosto. Basta ver as mãos acariciando os cabelos, um beijo no peito e um abraço apertado pra desabar uma tonelada sobre as costas já machucadas. Uma visão irreal de dois outros que teima em se exibir a cada piscada, como uma cegueira fatal, da qual tenta-se fugir em vão. O insucesso das lágrimas derramadas, é sinal de que nem o pranto manso é capaz de desfazer algo tão doloroso. Que tragam os talos e presilhas, a fim de segurar as pálpebras já dormentes de evitar cair e ceder aos encantos do sono vil.

13 fevereiro 2008

O AMABILÍSSIMO HOMEM DAS NEVES

blábláblá

rego diariamete o ódio pela vida que levo. não sei por que, mas creio existe algo de podre no reino da dinamarca. menos paciências com as coisas do cotidiano e mais vontade de ficar na cama até tarde. seja o que Deus quiser.

09 fevereiro 2008

bandeiras de lugares distantes

As bandeiras não tremulavam. Fiquei lá, parado, até o ronco abafado pelo vidro dar lugar ao som da tv, que passava apenas uma propaganda governamental (daquelas fajutas), e ao tilintar de xícaras, talheres e pratos de pessoas que, como eu, haviam tomado o café-da-manhã por alí mesmo. A lágrima que desceu foi pequenina, como o tamanho do coração naquele momento. Dalí a vida praticamente certa, voltaria ao que era antes: sem olho pra olhar ou sério, ou abobalhado, sem boca ou pra beijar, ou falar horrores, sem cabelo ou pra fungar, ou assanhar, sem corpo ou pra sentir calor, ou fazer cócegas.

Se fosse definitivo, de lá mesmo não sairia. Ficaria até me trasnformar em parte daquele saguão, na esperança de reviver no dia em que o pássaro voltasse, trazendo dentro o meu amor. Graças, não é, e dentro do peito fica uma saudade morna, que teima em mostrar, a cada piscadela, o rosto bonito de uma garota segurando um tchauzinho tímido, e dizendo nos olhos que me ama e vai ficar com saudades. Estamos na mesma, meu bem.