14 maio 2007

Do susto, as lágrimas. No pesadelo obscuro te vi, vi teus lábios, tua boca. Ela não tocava a minha, mas a de outro. O som do terço rezado vem de bom grado pra excomungar meus demônios. Do quarto fechado, suado, escuto a prece de um punhado de senhoras, uma criança também. O quarto escuro de um sono descuidado é breu. É escuro, mas não páro de ver, claro na minha mente, teu beijo. Reli tuas cartas, tuas dúvidas, tuas inseguranças. Nelas, nada além das tuas declarações de amor. Não pra mim. Minha vista embassada já não sabe o que é verdade e o que não é verdade. Das freses que pensei ser o motivo, não era. Aliás, era. Eu era o motivo de sua infelicidade. Eu era o cara que ficava gritando 'pula' equanto, do alto do muro, você rezava para que a escada aparecesse do outro lado. Você chorava um pranto, você que queria cantar a euforia do teu peito, mas não por mim, não pra mim. Desculpe não ser o seu viés, não ser o amor que quis, não ser sujinho, não ser jornalista, não ser magrinho, não te tratar como ele trata, não tornar você genuinamente feliz. Na verdade eu queria era pular de 1000 andares e cair de cabeça. Só assim eu esqueceria aquele dia e este pesadelo não seria capaz de machucar. Não consigo chorar mais. Parece que dessa vez as lágrimas acabaram de verdade.