25 setembro 2007

Mar de corações torturados.

Navegando por mares mais calmos, vê-se os buracos da embarcação. buracos esses causados pela falta de manejo com o a nau. Assim, como da outra vez, as tempestades de morte derrubaram mastros, cortaram cordas e mataram parte da tripulação obstinada, que nunca se cansou de almejar o bom, a terra quente e frutífera, ao contrário do mar de monstros, piratas e agouros.
Pesam sobre as madeiras podres, as dores dos desenganos, dos caminhos não percorridos e dos percorridos também. Pesam os maus tratos, procurados de vontade própria na busca de tesouros de amor.
Sempre visando patentes mais altas, o capitão agora senta cansado à beirada, sucumbindo por todos os desprazes do comando. A luneta lhe mostra o cais, onde outros marinheiros estão apostos com ferramentas e madeiriço novo de pinho manso.
No caís está a salvação. Porém, resta saber se lhe sobram forças pra continuar. Cambaleando pelo avanço sobre as ondas, cair lhe soa mais convidativo. No mar, esperando ser tragado pelos redemoinhos do fim-do-mundo, ou devorado por bestas mitológicas, lhe resta a esperança de cessar a dor que massacra seu peito, tomba seu corpo e escurece-lhe os olhos profundos.