14 março 2007

quatro paredes

as quatro paredes, conhecidas minha desde a infância, não são mais as mesmas. tendo ainda um quadro de um eu-bebê e um guarda-roupa verde embutido, como lembranças de um tempo antigo, as repinturas apagaram traços de algo que não volta mais.

tanto eu com elas mudamos. e sinto como se, o que era antes um lugar fantástico, quartel-general de super-heróis, sala de estudos ou apenas um monte de obstáculos para a minha bola de sacos plásticos, hoje fosse uma prisão, um cubo que diminui e me sufoca cada dia mais.

mesmo sendo um quarto sem espelhos, reflete o que sou hoje. um quase-homem sem rumo, com a cabeça mais bagunçada que lixo revirado, a memória pequena do tamanho de um flanelografo, que tem que ter ajuda de percevejos para poder fixar alguma coisa. e os mesmo livro não lidos são reflexo da minha aparente inteligência, burra, mesquinha e presa num mundo de fantasia criado por escritores britânticos.

quero crescer, mas creio que aqui não da mais. não com essas paredes branco-gelo me acusando de não ser ninguém, de não ser bom o suficiente, de não ser responsável. As paredes, o rosto, quero pintar eu mesmo, quero pintar eu mesmo.