O vento pode ser bom,
como aquele que refresca,
vindo do mar,
nos dias de brasa ardente.
O vento pode ser devasso,
como aquele que leventa,
sem desembaraço,
a saia da moça.
O vento pode ser triste,
como aquele,
úmido e frio,
que embala os enterros.
O vento pode ser alegre,
como aquele que levanta,
bem alto, lá no céu,
a pipa do menino.
O vento pode ser assustador,
como aquele que balaça a vidraça
e sussura um sussuro de morte.
O vento pode não existir,
como aquele que não circula
no coração do sertão brabo,
onde os vendavais mais parecem obra do diabo,
e nada além se faz.