09 fevereiro 2008

bandeiras de lugares distantes

As bandeiras não tremulavam. Fiquei lá, parado, até o ronco abafado pelo vidro dar lugar ao som da tv, que passava apenas uma propaganda governamental (daquelas fajutas), e ao tilintar de xícaras, talheres e pratos de pessoas que, como eu, haviam tomado o café-da-manhã por alí mesmo. A lágrima que desceu foi pequenina, como o tamanho do coração naquele momento. Dalí a vida praticamente certa, voltaria ao que era antes: sem olho pra olhar ou sério, ou abobalhado, sem boca ou pra beijar, ou falar horrores, sem cabelo ou pra fungar, ou assanhar, sem corpo ou pra sentir calor, ou fazer cócegas.

Se fosse definitivo, de lá mesmo não sairia. Ficaria até me trasnformar em parte daquele saguão, na esperança de reviver no dia em que o pássaro voltasse, trazendo dentro o meu amor. Graças, não é, e dentro do peito fica uma saudade morna, que teima em mostrar, a cada piscadela, o rosto bonito de uma garota segurando um tchauzinho tímido, e dizendo nos olhos que me ama e vai ficar com saudades. Estamos na mesma, meu bem.