18 junho 2006

Do mal o menos!

... "Até que enfim que acordaste, meu dorminhoco, deisse ela, sorrindo. Fez-se um silêncio, e ele deisse, Estou cego, não te vejo. A mulher ralhou, Deixa-te de brincadeiras estúpidas, há coisas que não devemos brincar, Quem me dera que fosse uma brincadeira, a verdade é que estou mesmo cego, não vejo nada, Por favor, não me assustes, olha pra mim, aqui, estou aqui, a luz está acesa, Sei que aí estás, ouço-te, toco-te, calculo que tenhas acendido a luz, mas eu estou cego. Ela começou a chorar, agarrou-se a ele, Não é verdade, dize-me que não é verdade. As flores tinham escorregado para o chão, sobre o lenço manchado, o sangue recomeçara a pingar do dedo ferido, e ele, como se por outras palavras quisesse dizer Do mal o menos, murmurou, Vejo tudo branco, e logo deixou aparecer um sorriso triste" ...
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Saramago é foda!