11 julho 2006

A chave

Os sons da rua chegam leves ao ouvido. A noite avança sobre a cidade e os vidros levantados pra conter o frio, não deixam notar o calor e o caos do mundo fora da caixa de ferro. Um dia cheio, cheio de trabalho, cheio de saco, cheio de nada. Cachorro filho da puta... não é assim que se atravessa a rua! O cheiro do medo impregnado no carro. Um medo eterno, medo de viver! Por ela foi embora? Que pergunta estúpida! A resposta sempre foi clara e límpida como a mais pura fonte, idealizada por milhões de poetas. O amor! A última vez, como se fosse hoje, ela escolhia as palavras em um cardápio. Escolhia sempre as mais caras! As melhores! Mas a comida não era agradável! Todo dia esse ritual. Voltar pra casa, estacionar o carro e olhar a caixa do correio. Nada! Sempre nada! Eternamente nada! Sinto falta da sua letra. O perfume de suas mãos no papel. Mas a culpa foi minha! Minha e do meu amor... nojento, doentio e pegajoso! Merda, a chave!