30 julho 2006

Larga do meu pé!

Larga do meu pé! Hoje não quero te ver. O dia tem que terminar perfeito. Temos que dormir e deixar a porta aberta pra saudade entrar. Só assim vai durar. É, deve ser!

Mas e se a saudade roubar da gaveta da cômada momentos únicos? Que nunca vão se tornar reais? E se eu não gostar tanto assim da tal ladra? Se eu preferir os teus olhos? Teus sorrisos? Ou mesmo as conversas sem sentido? A filosofia barata da novela? Não sei, mas a porta aberta pode deixar escapar o calor. Deixando tudo frio e enregelado. Mantando nosso amor aos pouquinhos.

Porra, isso deve ser porque tua garrafa enche fácil. A minha? Nem sei se é uma garrafa. Acho que preciso de um porre! Um porre daqueles. Larga do meu pé! hoje não quero te ver.

Acho que vou tentar encher meu poço de areia pra ver se ele fica mais raso. Pra ver se o que enche o teu, enche o meu. Mas aí tenho medo de colocar mais areia que o necessário. Assim vai fuder!

Larga do meu pé! Hoje eu não quero te ver. Só quero saber de pensar em ti. Por enquanto esse é o único remédio que arrumei. O problema é que o efeito colateral é uma pá que cava cada vez mais fundo a porra do poço. Que merda!